Há uns anos nomeadamente 1999/2000 dediquei-me à meditação, comprei livros, velas e incensos e durante um período de tempo, sentava-me no chão bem acomodada em cima de uma grande almofada. Ficava ali naquela posição, durante uns minutos comigo e só comigo mesma, na altura não sentia-a qualquer perda de tempo, sentia uma energia tão boa que circulava à minha volta, que me fazia levar até onde me apetecesse naquele momento. Trabalhava a imaginação, a visualização e de olhos fechados tudo era tão bom e mágico. A dada altura fui deixando de o fazer, porque não tinha tempo, porque sentia que ia perder minutos do dia para me sentar e novamente descansar naquele cantinho só meu, no meu conforto, que até dias atrás era maravilhoso e não sentia qualquer perda de tempo.
Passaram-se dias e semanas, meses e anos, até que deixei completamente a meditação. Não era o esquecimento, mas pela “falta de tempo”, aquela que não nos deixa fazer tantas outras tarefas que são tão benéficas para nós, que nos fazem tão bem, apenas porque não temos tempo ou vontade e acabamos por as deixar de lado. Eu sentia-me ocupada, não estava 24 horas ocupada, estava de facto muito ocupada, a universidade “roubara-me” quase todo o tempo que tinha, todos os minutos eram ocupados pelos exames, projectos, discussões de projectos e apresentações. Mas não teria eu pelo menos uns minutos do meu tão ocupado dia para relaxar? Para voltar ao meu cantinho só meu, onde eu poderia conversar comigo, ouvir-me ou permanecer em total silêncio? Havia, de certo que havia.
A meditação não rouba tempo, ela dá precisamente o oposto, dá-nos tempo. A meditação tem a magia de esticar o tempo como nunca me tinha apercebido antes. Agora podem ter ficado reticentes com esta forma de ver a meditação, mas é a pura e sincera verdade que voltei a encontrar. Nunca tinha perdido tempo, nenhum tempo, durante aqueles tempos em que meditei, não sei se posso dizer que mudou a minha vida, mas certamente mudou qualquer coisa. Tinha mais tempo para fazer o que queria, sentia-me feliz e sempre completa de ideias. Aqueles minutos que reservamos para a meditação são de facto muito importantes para podermos arrumar as ideias, os nossos pensamentos e todo o “lixo” que possa circular na nossa mente.
Voltei a dedicar-me à meditação, hoje-em-dia não significa que passei a ter tempo para a meditação e para o relaxamento da mente, a verdade é que voltei a acreditar que o dia não vai reduzir, só porque me dedico alguns minutos à meditação. Como disse é precisamente ao contrário, o tempo cresceu novamente.
“Preciso reservar uma hora por dia para fazer meditação” disse Gandhi.
“oh não, não pode fazer isso! Está muito ocupado, Gandhi” disse um dos seus amigos.
“Bem, então, agora preciso reservar duas horas por dia para fazer meditação” Respondeu Gandhi.
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